Ousada, aventureira, dinâmica, corajosa, determinada. Essas são características que contribuem para traçar o perfil de Alcione Albanesi, presidente da ONG Amigos do Bem e fundadora da FLC Lâmpadas.
Nascida em São Paulo, com 6 anos de idade Alcione já pedia doações de alimentos na Ceasa; um pouco mais velha, passou a fazer rifas dos presentes que ganhava para se monetizar; aos 14, foi estudar inglês nos Estados Unidos por decisão própria; depois, tornou-se modelo e, aos 18, trocou a passarela pelo empreendedorismo, comandando uma confecção com 80 funcionários. E então, quando tinha 25 anos, decidiu mudar de área, passando a investir em material elétrico, pois reconheceu na área uma chance de prosperidade.
Luz no fim do túnel
À época, tratava-se de um ramo muito masculino e dominado por multinacionais. Até então, Alcione era uma pequena varejista no setor de iluminação. Foi quando, em 1992, ela viajou para a China, fazendo a sua marca ser a primeira a trazer para o Brasil a lâmpada fluorescente compacta. Durante o período do apagão brasileiro, que aconteceu entre 2001 e 2002, a FLC Lâmpadas era uma das únicas com estoque suficiente para abastecer o mercado. Além disso, seus produtos foram os primeiros a serem certificados pelo Inmetro, e a empresa foi pioneira quando inaugurou uma fábrica de LED no Brasil.
Ao longo de mais de 20 anos como empresária, Alcione fez setenta e duas viagens à China, e foi responsável por um crescimento exponencial do próprio negócio, que resultou na liderança de mercado com 36% de market share. Em 2014, tomou a decisão mais importante da sua vida: vender a empresa para se dedicar integral e voluntariamente ao seu projeto social — a ONG Amigos do Bem. Esse trabalho, que começou com um pequeno grupo de amigos, hoje é um dos maiores projetos sociais do país, atendendo, regularmente, a mais de 150 mil pessoas no sertão de Alagoas, Pernambuco e Ceará.
VOTO – Qual foi o norte na construção da solidez da sua carreira?
Sempre tive uma visão empreendedora e um olhar humano que me conduziram a tomar as decisões certas sem perder valores importantes. A empresa não pode estar à frente das pessoas. A empresa são as pessoas. E, nesse sentido, minha maior inspiração sempre foi a minha mãe, Guiomar de Oliveira Albanesi. Ela é minha árvore do bem.
VOTO – De que forma você exerce a sua liderança?
Sempre busquei ser próxima da operação. Eu não acredito apenas na estruturação da estratégia, mas principalmente na ação e no acompanhamento para fazer mudanças rápidas quando necessário. Liderança é exemplo.
VOTO – Qual seu propósito de vida?
Busco sempre lembrar do que me levou até o sertão e do que me fez voltar: amor ao próximo. Todos nós temos isso. Ser leal ao propósito é jamais perder a legitimidade, temos a capacidade de prestar atenção e ouvir o que as pessoas dizem. Hoje vejo mais de 150 mil pessoas de 300 povoados com acesso à saúde, educação, emprego, moradia, água potável, e me realizo quando percebo que elas podem verdadeiramente sonhar.